13/09/2019

Sentinela

Caminhando pelas sobras da sombra da lua. Solo, só,  solo infértil.  Queda d'águas , da própria  altura, soturno, imaturo  completamente insano e dolorido. Viver dói.  Trair dói,  ser traído dói.  Não  há remedio. Quero  esquecer,  não  quero  amar, não  quero apego. Sôfrego,  trôpego,  cego, quase vivo, quase morto, quase morro, quase vivo.  Vazio, uma via láctea de vazios sozinhos. Sou eu quem não  me quero. Sou o que não  queria  ser e ainda assim há  quem me inveje. Impossível  invejar essa  dor que bate junto com meu coração.  Ele não  pulsa, apanha, apanha e não  pega nada, não  fica em nada
 Acelerados heartbeats. Eu parado. Calado, engosmado, ocre, acre, taciturno,  miúdo. Indiferente e e louco por ter vista,  de ter vista, de viver. Meu deus, socorro . Essa dor talvez passe com o morrer. Mas nem morrer posso  se nunca vivi.

03/09/2019

Carta

Vou jogar a real.  Veja! A minha  vida a sinto como uma merda.  Me sinto incapaz  de ser amado pelo que sou. Pela minha aparência  e pelo que não  conquistei  na vida. Tenho consciência, portanto, que grande parte do que sinto  é proveniente  de minhas  incapacidades mentais de lidar com a realidade  e de ser adaptativo.  Eu não  tenho problema real.  Mas os procuro em cada esquina, em cada bom dia, não  respondido, em cada olhar não  correspindido. Encontro esse monstro que me persegue pelas frestas das portas , corro dele mas ele semrpe me persegue. Dói  saber que não  sou nada,  talvez haja aí um pouco de inveja  dos outros. Todos que eu invejo  não  são  eu. Eu sei o cerne  de minha  falta de aptidão  pra viver  nesse  mundo. Eu sei que devo  apenas esperar a hora de morte ,por fim. Mas a angústia é pq eu tenho consciência do nada q eu sou e do nada q eu represento  no universo. Ninguém  tá  cagando  pra mim. Ninguém  se importa. Cabe a mim viver como deve ser, sofrendo ou me remediando q é outro  tipo  de sofrer, só  que disfarçado. A verdade, amigo, q toda  essa perseguição  está  na sua cabeça.  Ninguém  se importa  com vc , assim como não  se importam comigo.  Não  tem ninguém  a sua procura. Vc quer encontrar meios de não  viver.  Antes vc vivia pelo bocado,  pelo aluguel atrasado, pela conta  de energia. Hj vc não precisa mais disso.  E tenta encontrar nessa perseguição  alguma forma de se vitimizar e de não lutar pela vida.  Compreendo  vc completamente.  Mas essa é  a verdade. Se lhe  quisessem  morto já o teriam  matado há  mt. Relaxe que quem ta se matando é  vc mesmo aos poucos ao renunciar  avida, o querer o q não  pode ser e tenta achar um culpado. Eu não  tenho  culpados. Só  me falta  a vontade de viver.

01/09/2019

A plantinha sem água.

Sou aquele a que não  tem  a quem pedir que regue suas plantas. Elas estão murchas. Morreram. Talvez haja esperança , lhes dei de beber hoje. Talvez amanhã  recuperem a vida.
Há esperanças para elas. Para mim...
 Eu sou o que em um soslaio recebe  qualquer  atenção para no instante seguinte ser esquecido pelo simples fato de desaperecer das vistas  nesses entreolhares. Vc tem amigos, eu não.  Vc tem a vitalidade  da vida, eu não.  Não se pode viver  de prontidão  com medo que eu de relance veja uma conversa sua, de insinuações sexuais, de nudes intermináveis.  Não lhe quero mal. Longe de mim  lhe fazer mal. Quero-lhe, Antes de tudo, bem. Bem sucedido. Uma pessoa boa e honesta vc há de se tornar.  Quanto a mim devo  cada vez mais buscar o isolamento e me prepar para cear  com  a indejesada das gentes. De ir com ela quando não mais aguentar essa vida, da qual eu só  recebo chibatas, empurrões  e mentiras.  Eu sou um desgraçado que teima em viver ainda que a vida não  me queira.  Eu te amo e por te amar e por meu ciúme  e inveja é que lhe quero longe de mim.  Não  aguento  isso. Dói, e quando começa a doer o adeus é a melhor coisa.  Não precisaremos buscar desculpas, inventar  desencontros, tantas coisas mais. Ninguém   tem nada  a ver com com nada na minha vida. Já  lhe disse sou um pobre  vira-lata abandonado por si mesmo.
Estou alí no canto, vacilando, dando de ombros, encolhido.  Com a voz trêmula,  insegura,  vazia. Com uma voz  gosmenta, acizentada, que fala para dentro  como  que pedindo  licença,  autorização  para viver.  No canto há  cacos de  vidros.   Corto os pés  e sinto alguma  coisa. Algo extremamente genuíno  e verdadeiro: minha dor. Que nunca me abandona, que nunca me trai. Apesar de todos subterfúgios  que uso para lhe fugir, ela está  ali implacável, esse monumento  a minha  ruína ,a esse nada que é  minha vida. Calado soçobro aos poucos me atenho a qualquer coisa  que passe e não morro, vivo quase naufragando, quanse veleijando, quanse vivendo.
As plantas  morreram. Eu não morro. Covardemente  indo um dia atrás do outro engolindo o choro, fingindo suportar. Quando silenciosamente queria que o avião  que me carregasse explodisse. Que eu fosse um acidente  sem nome: indigente morre. Ninguém perguntou.  Foi enterrado em cova raza. E finalmente me junto à lama que me esperava desde o parto aleatório  e desnecessário  naquela madrugada de sábado, de um desses meses que se repetem, de um ano qualquer que finge ineditismo.  Arre. O meu primeiro choro foi  de desespero  e porque o último não  deveria de sê-lo? Enquanto isso me vou aos gritinhos contidos , fingidos e escorregadios  de vida vazia.