22/08/2020

Véus, membranas e separações

 Não consigo romper o véu que nos separa. Há algo entre nós, ainda assim, há uma coisa que  separa. Uma membrana existencial que não  nos permite o toque sincero, verdadeiro, real de que qualquer relação precisa. 

O viver assustado, a prontidão de defesa carrega em si muitas coisas suspeitas. E suspeito muito, demasiadamente .

Dormir com quem não se confia cria neuroses horrendas, feridas doloridas. Senhas de celular trocadas hodiernamente. O que tanto esconde? Vá viver sua vida livre de mim. Deixe-me viver a minha vida dentro de mim. 

Deve ser horrível fingir amor e ter tantos segredos, tantas conversas paralelas, tantos ruídos em uma relação que é dúbia, duvidosa, que vacila, que vive à beira da descoberta. Deve ser horrível saber que nunca está no mesmo lugar em que seu corpo está. Está em outros lugares, algures mas nunca, jamais no presente.  É passado, é futuro, é tela de celular , mas nunca é presente. 

Somos possibilidades impossíveis . Somos mundos inexistentes. Eu sei disso. Eu sinto isso. Eu vejo isso. 

Não há amor onde não há sinceridade, confiança e respeito. Há presenças físicas, às vezes, mas até isso pesa fingir.