A relação que estou tendo com a memória tem sido paradoxal.
Parece que ando esquecendo de pessoas, fatos, coisas de propósito.
Esqueço o nome de fulano, o que me disseram, o que são, para além da matéria orgânico-biológica.
Eles têm sido uma experiência imemorável.
Esqueço rápido nome e sobrenome,
o que são e o que fazem,
menos o que me fizeram.
Esqueço porque a vida é sobre a lembrança do bem, do aconchego, do prazer.
E qualquer dor de cor e salteado deve habitar as desmemórias do universo.
É tudo tão distante, tão rápido de esquecer.
Qualquer um, qualquer coisa não passa de uma lembrança de um sonho sofrido.
Acordou, o sonho acabou,
e respiramos aliviados porque era só um sonho.
Desmemorizo, bem esquizo, crio versões paralelas igualmente esquecíveis e descartáveis.
Amemos o presente.
Não tenho passado,
menos ainda futuro.
Esqueci que dia é amanhã, mas pouco importa: hoje eu comi uma torta!
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