Vez ou outra surge em mim a alguns questionamentos quanto a manter ou não certos vínculos. Sempre chego, embora às vezes me esqueça disso, à conclusão de que não sou árvore, portanto não devo ter a intenção de criar raízes. Estou mais para pedra de correnteza: não cria limo.
Mas isso não que dizer que alguns vínculos não sejam indissolúveis. Há sim , os vínculos que quero manter e que passam pela reciprocidade. Na vida a gente só descarta o que é descartável, sem possibilidade alguma de reaproveitamento. Aprendi a descartar o dispensável, aprendi a fazer pouco de quem é pouco, de quem se faz pouco ou de quem insiste apenas em ser coadjuvante.
Há vários palcos por aí, a bem da verdade. A escolha é saber que papel interpretar em cada um deles. Alguns preferem fazer pequenas pontas que nos próximos episódios já estarão completamente esquecidas, já outros se confundem com a trama de sua vida.
Há anos não havia chorado, há anos me tenho tido calado, mas às vezes o fardo de ser adulto fica muito pesado, o fato das coisas não serem como achamos que é correto
Nos fere a alma. o motivo de meu choro não importa, o que importa é que a vida é feita de retalhos e se quer chamar esses retalhos de amor, que seja, mas o que fazer com o que é rasgado, quando se rasga ainda mais?
Despedaça-se ainda mais? Estou à deriva com meus pensamentos tolos e vãos,
Não tendo com quem entendê-los,
E nem sei se quero ter alguém para tanto. os retalhos de nossas vidas rasgados despedaçados, nus, desbotados!
o que fazer quando não houver mais retalhos
nem linhas para remendá-los? Estou ao léu... no mar sem tripulação ainda que tivesse a tripulação não saberia para onde ir... mas isso é coisa passageira, logo, logo muda,
os remendos do passado ficarão apagados e olvidados...
Estive falando com minha mãe outro dia. Disse-lhe que achava que eu tinha mudado, e muito. Ela, para minha surpresa(ou não), disse que eu não mudei absolutamente nada. De certo modo fiquei aliviado, pois não queria ter mudado mesmo. E como ela me conhece mais do que eu mesmo, já que é uma expectadora de minhas errantes ações, que no fim mantém um padrão comportamental recorrente.
Achar que havia mudado talvez tenha sido um desejo bobo de não estar onde estou. Acho que sou como a margem do rio: sempre contempla as águas passarem, o que elas trazem e o que elas levam, às vezes é alterada por uma conreteza mais forte, por um entulho que a propria água mais tarde se engarrega de levar.
Assim não creio (ainda como consolo) que não mudar seja algo tão ruim. Se não como a margem de um rio, talvez também possa ser como as nuvens que sempre andam mudando e no entanto nunca deixam de ser nuvem.
Deixamos de ser muitas coisas em detrimento de outras, somos tantas outras em prol de erros... E no fim nunca mudamos, pois “o inferno são os outros”.