25/08/2009

Um dia de chuva

Um dia de chuva

Uma falta de capa

Guarda-chuva

Guarda-dor

Apenas.

E La longe onde não cai chuva

Nem vida

Na tórrida terra

Seca e desparida

É estéril a vida

Disseram-me que só La, pois compositores cá também não há.

Nem si, nem sol

Nem pra frente

Quanto menos pra trás

Sons surdos moribundos sorumbáticos

os sóis

Ou eu!

E eu como não me toco

eu não me som

sonidos de desesperos

segredos escavadosdescorbertos

21/08/2009

Animus confidendi


VAMOS BRINCAR DE SÓ DIZER A VERDADE

VOCÊ CONTA AS SUAS MENTIRAS

COMO SE FOSSEM VERDADES

EU ACREDITO

E CAMINHAMOS JUNTOS EM DIREÇÃO AO SOL.

E LÁ ASSISTIREMOS A NOSSA PRIMEIRA TEMPESTADE SOLAR...

JUNTOS...

17/08/2009

Tablado

Vez ou outra surge em mim a alguns questionamentos quanto a manter ou não certos vínculos. Sempre chego, embora às vezes me esqueça disso, à conclusão de que não sou árvore, portanto não devo ter a intenção de criar raízes. Estou mais para pedra de correnteza: não cria limo.

Mas isso não que dizer que alguns vínculos não sejam indissolúveis. Há sim , os vínculos que quero manter e que passam pela reciprocidade. Na vida a gente só descarta o que é descartável, sem possibilidade alguma de reaproveitamento. Aprendi a descartar o dispensável, aprendi a fazer pouco de quem é pouco, de quem se faz pouco ou de quem insiste apenas em ser coadjuvante.

Há vários palcos por aí, a bem da verdade. A escolha é saber que papel interpretar em cada um deles. Alguns preferem fazer pequenas pontas que nos próximos episódios já estarão completamente esquecidas, já outros se confundem com a trama de sua vida.

12/08/2009

barcaças

Há anos não havia chorado, há anos me tenho tido calado, mas às vezes o
fardo de ser adulto fica muito pesado,
o fato das coisas não serem como achamos que é correto

Nos fere a alma.
o motivo de meu choro não importa, o que importa é que a vida é feita de
retalhos e se quer chamar esses retalhos de amor, que seja, mas o que
fazer com o que é rasgado, quando se rasga ainda mais?

Despedaça-se ainda
mais?
Estou à deriva com meus pensamentos tolos e vãos,

Não tendo com quem
entendê-los,

E nem sei se quero ter alguém para tanto.
os retalhos de nossas vidas rasgados despedaçados, nus, desbotados!

o que fazer quando não houver mais retalhos

nem linhas para remendá-los?
Estou ao léu...
no mar sem tripulação
ainda que tivesse a tripulação não saberia para onde ir...
mas isso é coisa passageira, logo, logo muda,

os remendos do passado
ficarão apagados e olvidados...

No passado

E os ventos soprarão errantes...

07/08/2009

Temporlidades intrasmutáveis


Estive falando com minha mãe outro dia. Disse-lhe que achava que eu tinha mudado, e muito. Ela, para minha surpresa(ou não), disse que eu não mudei absolutamente nada. De certo modo fiquei aliviado, pois não queria ter mudado mesmo. E como ela me conhece mais do que eu mesmo, já que é uma expectadora de minhas errantes ações, que no fim mantém um padrão comportamental recorrente.

Achar que havia mudado talvez tenha sido um desejo bobo de não estar onde estou. Acho que sou como a margem do rio: sempre contempla as águas passarem, o que elas trazem e o que elas levam, às vezes é alterada por uma conreteza mais forte, por um entulho que a propria água mais tarde se engarrega de levar.

Assim não creio (ainda como consolo) que não mudar seja algo tão ruim. Se não como a margem de um rio, talvez também possa ser como as nuvens que sempre andam mudando e no entanto nunca deixam de ser nuvem.

Deixamos de ser muitas coisas em detrimento de outras, somos tantas outras em prol de erros... E no fim nunca mudamos, pois “o inferno são os outros”.