Sou aquele a que não tem a quem pedir que regue suas plantas. Elas estão murchas. Morreram. Talvez haja esperança , lhes dei de beber hoje. Talvez amanhã recuperem a vida.
Há esperanças para elas. Para mim...
As plantas morreram. Eu não morro. Covardemente indo um dia atrás do outro engolindo o choro, fingindo suportar. Quando silenciosamente queria que o avião que me carregasse explodisse. Que eu fosse um acidente sem nome: indigente morre. Ninguém perguntou. Foi enterrado em cova raza. E finalmente me junto à lama que me esperava desde o parto aleatório e desnecessário naquela madrugada de sábado, de um desses meses que se repetem, de um ano qualquer que finge ineditismo. Arre. O meu primeiro choro foi de desespero e porque o último não deveria de sê-lo? Enquanto isso me vou aos gritinhos contidos , fingidos e escorregadios de vida vazia.
Há esperanças para elas. Para mim...
Eu sou o que em um soslaio recebe qualquer atenção para no instante seguinte ser esquecido pelo simples fato de desaperecer das vistas nesses entreolhares. Vc tem amigos, eu não. Vc tem a vitalidade da vida, eu não. Não se pode viver de prontidão com medo que eu de relance veja uma conversa sua, de insinuações sexuais, de nudes intermináveis. Não lhe quero mal. Longe de mim lhe fazer mal. Quero-lhe, Antes de tudo, bem. Bem sucedido. Uma pessoa boa e honesta vc há de se tornar. Quanto a mim devo cada vez mais buscar o isolamento e me prepar para cear com a indejesada das gentes. De ir com ela quando não mais aguentar essa vida, da qual eu só recebo chibatas, empurrões e mentiras. Eu sou um desgraçado que teima em viver ainda que a vida não me queira. Eu te amo e por te amar e por meu ciúme e inveja é que lhe quero longe de mim. Não aguento isso. Dói, e quando começa a doer o adeus é a melhor coisa. Não precisaremos buscar desculpas, inventar desencontros, tantas coisas mais. Ninguém tem nada a ver com com nada na minha vida. Já lhe disse sou um pobre vira-lata abandonado por si mesmo.
Estou alí no canto, vacilando, dando de ombros, encolhido. Com a voz trêmula, insegura, vazia. Com uma voz gosmenta, acizentada, que fala para dentro como que pedindo licença, autorização para viver. No canto há cacos de vidros. Corto os pés e sinto alguma coisa. Algo extremamente genuíno e verdadeiro: minha dor. Que nunca me abandona, que nunca me trai. Apesar de todos subterfúgios que uso para lhe fugir, ela está ali implacável, esse monumento a minha ruína ,a esse nada que é minha vida. Calado soçobro aos poucos me atenho a qualquer coisa que passe e não morro, vivo quase naufragando, quanse veleijando, quanse vivendo. As plantas morreram. Eu não morro. Covardemente indo um dia atrás do outro engolindo o choro, fingindo suportar. Quando silenciosamente queria que o avião que me carregasse explodisse. Que eu fosse um acidente sem nome: indigente morre. Ninguém perguntou. Foi enterrado em cova raza. E finalmente me junto à lama que me esperava desde o parto aleatório e desnecessário naquela madrugada de sábado, de um desses meses que se repetem, de um ano qualquer que finge ineditismo. Arre. O meu primeiro choro foi de desespero e porque o último não deveria de sê-lo? Enquanto isso me vou aos gritinhos contidos , fingidos e escorregadios de vida vazia.
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