07/01/2020

A mordida do cachorro: o afeto que me resta

O único afeto que me sobrou foi do cachorro que não gosta de mim , mas que gosta de mim, que me olha quando lhe dou alimento. Seus olhares me fingem amor, mas é  só desejo de alimento. É  sempre isso: um desejo a ser suprido. Nem o cão me ama como sou, a autenticidade, tem seu preço.
Cadáveres insepultos, covas rasas. Todo mundo tem direito de ser sepultado. Todo amor tem direito de ser sepultado.
Eu tenho direito de ser sepultado. É o único direito a respeito que eu tenho. Não adeque a mim. Não se encaixe em mim. A vida não é  isso. Não me satisfaça. As pessoas se juntam para se decladiarem  e serem lindas uma com as outras . As pessoas são feias. As pessoas, você é  uma pessoa. Somos feios. Infelizes. A felicidade é uma ilusão  que seja uma ilusão solitária. É mais verdadeira.
.

Nenhum comentário:

Postar um comentário