Ando assim. Às vezes choro, às vezes grito. Às vezes corro. Às vezes paro. Na maior parte da vida paro. Choro. Sou triste porque não saio do lugar. Porque sou sempre o mesmo, porque em mim há cataclismos violentos, inertes, que me disfiguram o cérebro. Grito agonizando no próprio silêncio. Uma música, um poema, um parágrafo, algo assim me faz chorar porque me sinto só e incompreensível. Porém cabido ali naquele verso doido que alguém escreveu ou que até mesmo eu escrevi. Sempre me vejo só. Isso me dói. Num mundo onde todos são falsamente acompanhados e eu verdadeiramente só não me dá muitas opções senão calar e chorar o choro dos vencidos, dos perdido, dos que não cabem em lugar algum, dos que não têm par em coisa alguma nisso tudo. É carnaval e eu não tenho meu arlequim, é carnal e eu só tenho máscaras de tristeza. Mas quando passar o carnaval elas continuarão comigo resto do ano até o feliz ano novo do maldito script a que estamos presos. É carnaval e eu não estou feliz. Estou só como a mais longínquas das estrelas e tão perto de qualquer coisa eu estou invisível e inútil e vazio e perecível e invejoso e dispensável e nulo e podre sou.
É carnaval só choro, nem reza nem vela só escuro atrás dessa máscara que não sei o que esconde. Choro ouvindo uma música que não foi feita pra mim. Mas cujo versos traduzem o que sinto: abandono! Sideral! Autoquíria. Coragem! Sideral!
talvez e só talvez, a poesia salve alivie as dores da alma entre tantos espinhos que nos espetam.
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