20/11/2008

Prosaísmo pagão

Em templos pagãos tenho tentado me achar. Tenho estado em busca desesperada, mas quanto mais me enrosco em mim, tentando me achar, me perco mais. Me enleio nas minhas divagações grotescas e prosaicas... A tentativa do encontro, o escape para outra realidade que não a que tenho, me leva a caminhos tortuosos, aneurismas existenciais prestes a romper com tudo e com todos, menos comigo já que ainda insisto em existir. E nessa dor finjo ser poeta, poeta de versos tristes repetidos, monótonos. Minha vida não tem cores, tem tons iguais de amargura e disfarces tão-somente iguais. Não busco o sentido na vida, nessa minha vida de intervalos de poeta, o meu poetar não é oportunista de uma dor ou outra. Mas ainda que ceticamente admita, tenho, sim, uma áspera vontade de me encontrar em qualquer lugar,mas ate então tem sido em vão. Todas as luzes estão apagadas e não me vejo. Nem nos guetos, nem nas classes... Onde será que me procuro que não acho? Assaz me confundo com o nada, seria eu o principio de algo? Nem o sexo mais liberta. A possibilidade do sexo liberta. A fuga pelo sexo liberta, mas o sexo em si não liberta. Estou preso. O meu cárcere é a liberdade por que busco. E que se a encontrasse estaria igualmente preso, acorrentado à existência que me impuseram e que por covardia me atenho. Talvez por medo de perdê-la é que finjo ignorá-la, e que fico à parte sem querê-la. Quando me preparo para amá-la, o amor se dissipa.

13/11/2008

Metafísico, Quem? Eu?

A intangibildiade do que sinto
É entediante.
Mas como não tratar das abstraões
Se o que sinto não passa de idéas ?

Não falemos e cadeiras
O meu ser tatea
As dores intangíveis
Por isso que não partem

Não tanjo as abstrações
Nao apalpo a inexistência

Não vou apalpar ninguém
Vencerei pelo cansaço
Poucos conseguem permanecer fora da caverna
Ou poucos percebem que já estão fora...

Ou quem sabe bem lá no fundo...

Sonolência

A madruganda entra tão abruptamente, nem pede licença...
A madrugada come minhas horas
E o labor completa a minha autofagia de horas
Consumo minhas horas no ócio
Anseio por não fazer nada...
Corro para nao fazer nada
Não condescendente com o sistema
Ah, o sistema..

Não tenho pressa
Ando paulatinamente arredio...
Quero ouvir a musica toda pelo caminho
Reduzo a velocidade,
deixo-a no compasso
Até o meu destino a terei saboareado por completo

No entanto as madrugadas são vorazes
Elas têm a pressa que eu não tenho
Nem de viver
Nem de morrer

A minha pressa
é
Fazer nada já me bastaria.

A velocidade já não importa
O que importa é não importar
É não dar importância

Se der só vai atrair o que não deseja
Mas o que rejeita...

A madruga passa
E eu fico com sono

12/11/2008

Bodega

Quero cultivar cicuta

Quero me desagregar

Quero fugir à guerra

Guerreio pela morte

Não pelos louros

Vou-me embriagar

Para fugir

Ébrio

Anti-social

Ébrio

Vejo tudo distorcido

É mais bonito

Ébrio

Me vejo com os brios sepultados

Quero a sociedade pudica

Ébrio

Me jogo na sarjeta

Por onde me escorre o lixo desse luxo

Ébrio

Sou marginal

Ébrio

Me esvazio

Ébrio

Vejo em dobro

Ébrio

Da miséria que me cerca

Ébrio

Levantam muralhas

Ébrio

Estou do lado de fora

Ébrio

Fujo à luta

Ébrio

Me cicuto

Tremo diante do muro

Ébrio

Escrevo tortuosamente

Ébrio

Estou do lado de fora

Ébrio

Marginalizo-me

Ébrio

Não me suporto

Ébrio

Insisto na cicuta

Ébrio

Não resisto e vou à luta

Ébrio

Fujo

Fico

Parto

Aborto

Mato

É o onde que não tem gente

Não tem marginal

Não tem gente!

Ébrio

Me confundo

Ébrio

Me embebedo

Ébrio

Fico mais bêbado

Ébrio

Sou marginal

Marginal

Marginal!

Ébrio

É o muro

É o tempo

É a conta bancária

Ébrio

É o muro

É morte lenta:

Cicuta social

10/11/2008

Complexo Indefinivel

Complexidades...
Sou o indefinível
perente minhas incertezas
Não busco, afinal
definições...
Complexo como uma folha em branco
ou transparente como as águas do Tietê
ou como o seu tom de fala melodiosa...
Complexo
De Édipo
Inferioridade
Megalomanias...
Ah, enfim

Tudo nao passa de uma mentira.
Minha lealdade tem endereço fixo
E minhas molequegens são vastas...
o que sou que nao sei me definir?

05/11/2008

PIEGUICES

Quando penso , se penso...

Penso nas impossibilidades

Nas intangibilidades da minha parca existência .

Quando penso

Se é que penso

Penso no pouco que sou e

No nada que quero ser

Meu mundo é feito de impossibilidades...

Sou impossível de ser

Sou inatingível

Intocável do alto de minha ignorância


Meu mundo é Finito

Pequeno, Vazio

e

Piegas

03/11/2008

O que seria mais ridículo?
Ser ridículo ou ter medo de ser ridículo?
Se entregar aos prazeres mais vis em nome de “viver”
Viver ridiculamente sem medo de ser ridículo

Pois, é!!!
Que atire a primeira pedra quem nunca foi ridículo!
E eu tenho sido ridículo na minha tentativa de não ser ridículo
Desculpa!?
?????
Sejamos ridículos, quem nunca desceu ao nível reles e baixo
Para se sentir um pouco mais humano?
Para se sentir parte integrante dessa mediocridade toda?
Estou sendo ridículo agora escrevendo algo que ninguém irá ler
Mas Sabê-lo não me impede de ser ridículo

Nem de escrever...