20/11/2008

Prosaísmo pagão

Em templos pagãos tenho tentado me achar. Tenho estado em busca desesperada, mas quanto mais me enrosco em mim, tentando me achar, me perco mais. Me enleio nas minhas divagações grotescas e prosaicas... A tentativa do encontro, o escape para outra realidade que não a que tenho, me leva a caminhos tortuosos, aneurismas existenciais prestes a romper com tudo e com todos, menos comigo já que ainda insisto em existir. E nessa dor finjo ser poeta, poeta de versos tristes repetidos, monótonos. Minha vida não tem cores, tem tons iguais de amargura e disfarces tão-somente iguais. Não busco o sentido na vida, nessa minha vida de intervalos de poeta, o meu poetar não é oportunista de uma dor ou outra. Mas ainda que ceticamente admita, tenho, sim, uma áspera vontade de me encontrar em qualquer lugar,mas ate então tem sido em vão. Todas as luzes estão apagadas e não me vejo. Nem nos guetos, nem nas classes... Onde será que me procuro que não acho? Assaz me confundo com o nada, seria eu o principio de algo? Nem o sexo mais liberta. A possibilidade do sexo liberta. A fuga pelo sexo liberta, mas o sexo em si não liberta. Estou preso. O meu cárcere é a liberdade por que busco. E que se a encontrasse estaria igualmente preso, acorrentado à existência que me impuseram e que por covardia me atenho. Talvez por medo de perdê-la é que finjo ignorá-la, e que fico à parte sem querê-la. Quando me preparo para amá-la, o amor se dissipa.

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