A primeira noite em casa sem ele foi devastadora.
Não sentir sua alegria e curiosidades típicas, seus maneirismos .
Senti-me um pouco culpado (mentira, muito culpado) por tê-lo abandonado. Ele era meu e o descartei, o abandonei. Sem cerimônias, sem choro nem vela.
Pessimamente mal. Um bicho que deixa outro pra morrer à beira do caminho.
Abando, quantos abandonos eu já sofri e agora faço o mesmo. Abandonei o meu cachorro. Meu deus. Eu sou um monstro. "Abandonei" digo, lhe dei um novo Tudor. Mas e os afetos ainda que cheios de alfinetadas entre nós? E a responsabilidade emocional ? O que fazer ? Se o que está feito, feito está? Cheguei em casa e ela estava completamente vazia, nem um latido, nenhum olhar fingido r dissimulado, nem uma rodeada nos meus pés. Aqui era o reino dele. O sofá, a cama, os quartos, eu seu vassalo. Não tenho mais com quem brigar. Meu cachorro foi embora ( má hora , na verdade) mas se foi. Até meus bichos se vão e eu fico aqui no mesmo lugar. Na mesma casa . Só mudo as cores, os móveis de lugares, pinto paredes, derrubo paredes, mas sempre volto pro mesmo lugar. É agora já não tem nem mais para quem voltar. Nem mais latidos terei à minha espera.
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talvez e só talvez, a poesia salve alivie as dores da alma entre tantos espinhos que nos espetam.
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