Às 18h, a melancolia se revela, vestindo o disfarce da saudade, mas o que pulsa por baixo é o ego ferido — o incômodo de perceber que tudo o que passou não volta, mesmo quando ainda lembramos. O dia finda e, com ele, se impõe uma contagem silenciosa: todos os que cruzaram nosso caminho, os marcantes e os quase invisíveis, compartilhando o mesmo destino inevitável — tornar-se passado.
Entre uma lembrança e outra, surge a dúvida: será que fui realmente esquecido, ou apenas os laços se romperam, as conveniências se desfizeram, e o mundo seguiu seu curso indiferente? Talvez o esquecimento jamais seja total; alguns esquecimentos fracassados e rotos permanecem, não como presença, mas como ecos do que fomos e do que já não podemos ser.
Na hora do anjo, a mente tenta preencher o vazio: imaginamos o que os outros fazem, onde estão, se ainda existem em algum fragmento de consciência. Mas a superação não é libertação, é risco — o risco de confrontar novamente o fracasso das relações, de repetir o ciclo inevitável: todos os encontros, cedo ou tarde, se dissolvem no passado. E, nessa dissolução, reside a mais crua constatação: somos passageiros, e tudo o que tocamos é efêmero, memórias que resistem apenas enquanto nos lembramos.
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