Não há lugar no mundo pra mim —
sou sobra de silêncio que ecoa,
vestígio de um plano que nunca fui.
Tudo o que você sente, eu rasgo:
vento que desfaz mapas,
risco no vidrovdo eterno.
Sou o gume do que você imagina,
o contrafluxo da sua esperança.
Sinto muito —
e este muito é um deserto que floresce.
A equação sangra números falsos,
engasga em x que não se resolve.
Ele me diz:
"Prefiro acreditar no que imagino,
ser luz falsa,
mesmo quando tudo
desaba em cinza."
E eu — naufrágio que tece algas —
cuspindo âncoras:
"Guarde seu castelo de ar.
Não quero sujar-lhe o véu."
Mas hoje,
hoje eu mordo o não
cravado em meu céu.
Vejo selos com frestas,
fósseis de passos,
tempo que fermenta,
impossibilidades afiadas
como facas de mim mesmo.
A vida…
esta queda que constrói abismos,
este grito que escava respostas.
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