24/06/2025

Dialética destroçada

 Não há lugar no mundo pra mim —  

sou sobra de silêncio que ecoa,  

vestígio de um plano que nunca fui.  


Tudo o que você sente, eu rasgo:  

vento que desfaz mapas,  

risco no vidrovdo eterno.  


Sou o gume do que você imagina,  

o contrafluxo da sua esperança.  


Sinto muito —  

e este muito é um deserto que floresce.  

A equação sangra números falsos,  

engasga em x que não se resolve.  


Ele me diz:  

"Prefiro acreditar no que imagino,  

ser luz falsa,  

mesmo quando tudo  

desaba em cinza."  


E eu — naufrágio que tece algas —  

cuspindo âncoras:  

"Guarde seu castelo de ar.  

Não quero sujar-lhe o véu."  


Mas hoje,  

hoje eu mordo o não  

cravado em meu céu.  

Vejo selos com frestas,  

fósseis de passos,  

tempo que fermenta,  

impossibilidades afiadas  

como facas de mim mesmo.  


A vida…  

esta queda que constrói abismos,  

este grito que escava respostas.


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