24/06/2025

São João


 Na ressaca da noite barulhenta, o dia nasceu parado. Sem vento. Só cinza e silêncio. A fumaça ainda subia, devagar. Cinza no céu, cinza no chão. Nada sobrou do fogo.

Parecia o fim de uma guerra. Mas foi só o dia depois da festa de São João. Os estouros eram de alegria. O fogo era pra esquentar. Nada disso era pra acabar com nada. É assim o São João.

Ele explode de alegria, como fogos que brilham e somem. Deixa a fumaça da festa. Ah, São João! Sobrou só a cinza no chão, mas um calorzinho estranho no peito. Uma lembrança boba de que, mesmo depois de tudo virar pó, algo sem explicação ainda fica, meio sem sentido, mas fica.


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