29/12/2019

Os esforços invisíveis são tão mais visiviveis e irrisórios que os que se dizem tangíveis. Principalmente quando aqueles são carregados de propósitos miúdos.  De obsessões imagéticas, de manias autorrepresentativas.
Olhar do banco do carro vazio tem lá suas vantagens. Viver para agradar outra pessoa não é  viver é um ensaio de títere. É autoanulação por uma presença física. Mas o banco já está ali. É  a melhor campanhia, acredite. Solene ,  firme, silencioso e pragmático o banco direito do carro estará  lá  e olha-lo e sentir-se pleno é imponderável. Compreender a vida como um passeio horrivel e solitário é um grande passo para liberta-se do sofrimento de procurar ou de achar que se deve ter alguém ao lado.
Não há verdade mais falsa  no mundo do que esta. Um travesseiro preenche o lugar mais perfeitamente do que muita gente. Decidir o que comer , só.  Decidir aonde ir só.  Decidir aonde não ir só. Decidir ficar só.  Decidir partir só.  Se atrasar só. Mudar os planos só.
Sozinho. Meu deus há quanto tempo não me vejo só! Verdadeiramente só.  Pois só estou o tempo todo,  mas pseudoamarras que me anulam e me tomam o ar com desfaçatez.

16/11/2019

Geringonças existenciais.

Ao primeiro passo, à primeira oportunidade eu sigo só ou sou deixado à beira do caminho. Sou e apenas sou quando necessário.  Afora isso, busura descartada.
Qualquer pessoa se torna a mais interessante do mundo. Entre mim e qualquer  outra do mundo: qualquer coisa. Eu sou um apêndice, que dirige. Leva de um lugar a outro. Que não sou digno de  selfie ou de abraços em público.
E imagino a conversas que teriam tido se eu não as estivesse estragado.
Todas as conversas possíveis. - poxa, mor feliz de te encontrar,  pena que  eu tô  com o otário. Tenho Que fingir que estou com ele senão  ia ver o resto do pessoal e a gente ia toma umas ( manda as fotos depois.) Queria beber.
É  isso aí. Eu sou o não. Eu sou o nada.  Quanto mais gente eu vejo me perco num mar de rostos que parecem , e apenas parecem , felizes e ajustados. Engajados, descolados, contentes.  Esse contentamento maldito me aborrece.
Me fecho, vou a um canto.  Escuto uma senhora feia e esquálida murmurar: coitado, esse tá desprezado.   Em seguida passa um bêbado com um olhar empático, achando que eu no batente da porta, também estivesse ébrio. Me olhou com cara de contentamento de prazer , talvez, por não se sentir o único bêbado e desprezado da festa. Não. Ele não era o único.  Eu também era O Despreszado. Ainda a comiseração por minha pessoa não passou. Acho que estava com cara de combalido. Um maconheiro me assobia faz sinal de legal e pergunta de estou bem.  Balanço a cabeça.  Só tinha força para isso.  Uma senhora pobre e feia, um bêbado  e um maconheiro me sentiram  ali no batente de uma porta de uma rua que leva para uma festa por fora e que me levava para um enterro por dentro. Sento, sento, sinto, sinto, choro desconfiadamente e assim vou enxugando as lágrimas que não têm  nome nem gênese.  Toda aquela felicidade por fora daquelas pessoas me notava mais amargo e incredulo do que tudo.
Também queria ser como elas: achar a felicidade numa lata de cerveja.  Em quem bebe a cerveja e em que cata a lata.
Eu sou estrangeiro de mim, em mim. Tanto que chego a despertar compaixão num bêbado, numa senhora miserável e num maconheiro humanista.  Alguém sentiu um pouco de minha dor. Se não sentiu sabia que estava doendo. Existir doí E eu não tenho remédio pra dor.
Sou sou o motorista. Vivo por fora e morto por dentro , não há festa que me ressucite.  Não há tristeza que me mate de vez.

11/11/2019

Abandonar

A primeira  noite em casa sem ele foi devastadora.
Não sentir sua alegria e curiosidades típicas,  seus maneirismos .
Senti-me um pouco culpado (mentira,  muito culpado) por tê-lo abandonado. Ele era meu e o descartei, o abandonei.  Sem cerimônias, sem choro nem vela.
Pessimamente mal. Um bicho que deixa outro pra morrer à beira do caminho.
Abando, quantos abandonos eu já sofri e agora faço o mesmo. Abandonei o meu cachorro. Meu deus. Eu sou um monstro.  "Abandonei" digo, lhe dei um novo Tudor.  Mas e os afetos ainda que cheios de alfinetadas entre nós?  E a responsabilidade emocional ? O que fazer ? Se o que está  feito, feito está?  Cheguei em casa e ela estava completamente vazia, nem um latido, nenhum olhar fingido r dissimulado, nem uma rodeada nos meus pés.  Aqui era o reino dele. O sofá,  a cama, os quartos, eu seu vassalo.  Não tenho mais com quem brigar. Meu cachorro foi embora ( má hora , na verdade)  mas se foi. Até meus bichos se vão e eu fico aqui no mesmo lugar.  Na mesma casa . Só mudo as cores, os móveis de lugares, pinto paredes, derrubo  paredes, mas sempre volto pro mesmo lugar. É agora já não tem nem mais para quem voltar.  Nem mais latidos terei à minha espera.
🐶🐕🐶🐕🐕🐶🐕🐶

09/11/2019

Florada

Apesar da feiúra,
Apesar do lodo,
Apesar da solidão
do caminho
Do limo,
dos ectoplasmas...
Pas platitudes infiéis e transversais
Apesar dos pesares havia alí à beira do caminho, oras,  flores!!!!
Apesar de tudo há alguma beleza  por onde passamos.
Apesar desses monstruosos moinhos de ventos disfarçados de amigos e solitarariantes há  beleza
Nem que seja somente e tão-somente nas flores à beira do caminho.
As flores que não  cultivamos...
Nunca cultivamos. E tudo morre. Como eu morro todo dia.

08/11/2019

Hipotenusa

Há tantas sessões, que só sobram razões  para hiatos.  Os catetos não se somam não acham as somas inequívocas e patentes.  E matematicamente  exatas. Nosso coração não. Mais corpos quebrados arremessados ao léu. Não! Somas, sobras, restos, nada, multiplicados por zero, potências infinitas de dores. Não. Isso não é  amor. É  desfaçatez,  olhar oblíquo  dissimulado de servidão mentirosa.
Amor não se pede. Não se demanda. Se ganha.
Ao sinal do primeiro xingamento a gente corre.  Corre pra bem longe. Não  há escapatória a verdade é  aquela dita na hora da fúria. Da a angústia.
Amor não descava neurose, não embrutece  coração e serve à mesa uma psicose à flor da pele.
Amor serve música aos ouvidos ,  ao corpo, ao corpo de ambos.
Palavras doces e macias , a ambos!
Platitudes gentis,  a ambos. Não é  servidão em troca de meias moedas seja lá   de que for. É  de graça,  pela graça  e por a graça.  Ah,  o amor.
Acho que cheguei até aqui dizendo eu te amo, sem verdadeiramente ter amado alguém.  Ninguém me cabe e não eu não caibo em ninguém.
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04/11/2019

Transitividades

Tudo me fazia esquecer você
Tudo me fazia doer
A sua ausência presente
A sua presença ausente,
A promessa de sua ausência
A sua presença
Telas de cristais líquidos nos separam
Nos levam a mundos diferentes
A gozos inexistentes...
A possibilidades impossíveis
A complascências  incomplascentes.
É tudo que nos resta: a possibilidade de um adeus mais que arquejado,
Mais que almejado,
Pois essa externidade  intimista quer liberdade de existência longínqua...
Um (des)amor à distância física.  Um (des)amor à distância já  temos.
Todo amor é  à distância.
Todo amor é  de um lado só
à gauche, à gauche, à gauche, à gauche,
Porque direito mesmo é  a superficialidade do nada que somos.
Amar é verbo transitório, cheio de objetos incertos e tortuosos, vazios , cheios de espinhosos, amar, amor!
Amar  sinônimo de olvidar apenas e tão-somente e só!

30/10/2019

Despedidas contínuas

Agora choro a morte de alguém que ainda não morreu, mas que eu vejo morrer. Choro. Antecipo a dor, a duplico: a de agora e a de quando. Mas vou chorando mesmo porque a morte é inevitável e o choro é a ilusão do alívio. Deliro o alívio ao sentir seu rosto, o sabor do café que não será mais feito por aquelas mãos trêmulas. Sua voz, trêmula, lenta e impaciente, com aquela língua afiada, um canto só dela. Olho-a e vejo que ela está morrendo. Esquece cada vez mais rápido. Faz coisas escondidas, com medo de represálias, como uma criança malina. Finjo. Choro, mas finjo e choro de novo. E quero morrer também, pois a vida se encerra nela. Quem me amaria como um estúpido bruto e burro como eu? Ela esquece quem sou a cada segundo e, no segundo seguinte, me ama mais, como se eu fosse o mais amável de todos, como se fosse sempre o amor de sempre. Como não chorar e não perder o sono, estando tão desperto para a morte? Para o fim de uma existência insignificante? Mas é meu todo universo, ainda que eu negue, fuja, pule a janela, tenha medo do abandono – não dela, por ela, mas de mim, por mim, pelo que sou. E ela me ama. Toma banho, penteia os cabelos, coloca perfume, me beija na testa e pergunta: "Você está bem mesmo, né?". E digo, quase chorando: "Oxi, mainha, tô bem sim". Mas é mentira. Nunca estou bem. Ou choro ou grito. Ou é ira ou é castigo. Sou isso. E já estou cansado disso, daquilo, do medo, da morte e do dia da morte. E já vou chorando hoje. Duas dores. Um corpo e um universo.

29/10/2019

De quase em quase tudo quase está morto

        A vida,  esta  minha , tem sido um eterno desamor. Não  amo, esqueço. Amo de novo porque esqueço e  desamo porque me lembro.
"Parece que  só  se ama errado nesse mundo" . Entreguei meu amor de graça, , ai pelas beiras das praças,  pois acredito na graça do amor, e a tudo e todos que eu julgo digno do meu amor, cuidar. Mas vivemos de ingratidão.
Hoje um par de ex-amores fazem aniversário.  Me lembro do dia do parto, da correria e da surpresa pela antecipação  da  data. Da quase morte de deles e que  anos mais  testemunhei  a quase vida desse mesmo que quase morre.
       Hoje é o aniversário deles, mas assim como todos que amei, eles estão mortos (para mim, ainda que me assombrem) não lhes posso desejar o o ordinário feliz aniversário.  Suas existências já não  me dizem mais nada. Um bafo de arrependimento talvez. Uma amalgama mal feita de coisas sem sentidos talvez. Eles fazem aniversário hoje , mas já me morreram há  muito. Morre muita gente. Meu coração é um cemitério.  É meu quintal uma cova a céu aberto.


20/10/2019

Rejeição velada

A rejeição por si só  é mais fácil de ser superada do que aquela que vem disfarçada. Aquela que vem cheia de desculpas e conveniências: não, não é  você,  sou eu.
A rejeição por ela mesma é  desafogada, corajosa,  diferente daquela atenuada com adjetivos rebuscados, substantivos caídos em desusos e afins.
       A rejeição,  aquela que é  a mais pura falta de desejo, desejo carnal,  visceral é  a que mais machuca.  Ela não vem com um não.  Vem com quinquilharias intermináveis, humilhações com meios sorrisos, com eu te amo, mas é o momento. A melhor rejeição é o NÃO. Um mais puro, sincero e direto não! não lhe quero. Já lho disse. É  você mesmo que não cabe nos meus desejos. São suas carnes que não me apetecem. É sua feiura existencial da qual não quero saber. Sendo assim a gente aceita mais facilmente a rejeição. Não ouvimos desculpas. ouvimos a sinceridade vomitada, escarrada, cortante, mas reconfortante. Mentira! Uma tanto quanto a outra dilaceram. Mas o não é sempre a melhor opção. Não?
 No momento eu só sinto dor. E queria ser invadido de esquecimentos, de nomes , pessoas e lugares, de músicas, poemas, frases, palavras que me lembram cada uma das pessoas que conheci nessa vida. Estou morto. No velório. Insepulto. Não sei quem é  você.

18/10/2019

De repente a gente pensa que não vai mais se apaixonar. Que não quer mais de ninguém. Aí vem alguém que insiste , que bate à sua porta, que diz que lhe quer. O primeiro impacto é o medo. Depois a ânsia.  É se não for verdade?
De repente e não mais do que de repente, me vejo apaixonado pelo menino dos cachos mais gostosos de brincar, pele mais suave e gostosa de tocar. É do sorriso engraçado bobo  que tem também me faz um bobo. ( Bobo aqui na ideia de clarice). Tem os braços envolventes e umas mãos que me agarram que me colocam na situação de protegido (coisa que nunca fui.)
Hoje estou protegido diante desses braços fortes e mãos grandes. E me pergunto se é possível esse amor. Por que abrir caminhos para tantas dores,  tanto como para o amor.  O amor tem dessas coisas. E me refiro ao amor erótico, daquele mais visceral. Estou com minhas vísceras partidas, e traumatismo diversos mergulhei de cabeça.
E como todo dia acontece uma dia na vida da gente, nesse dia a gente gente descobre que é sempre mentira. Porque a vida não pode ser outra coisa senão uma mentira

16/10/2019

True colors

Eles iam ler Mia Couto no parque . Eu já  fiz poesia na praia. Cravei com minhas palavras a dor que sentia, digo,  as dores que me atormentam.
Por alguma razão foi a aborda a leitura no parque. Deve ser por conta da iluminação. Aracaju não é  conhecida por ser a cidade luz. Paris é  e nem lá há tantas luzes.
Atrapalhei uma leitura de alguém que adora esmolas de atenção. Bimbom, bimbom, era Mia Couto,  eram as miçangas, mas principalmente eram os fios que mantinha essas miçangas unidas juntinhas. Lindas, circundado um pescoço falso, de uma história falsa de mais um dia falso.
Onde se encontra autenticidade nessa vida?
Não estou pedindo, mas estão me oferecendo esmolas. Não as quero. Insisto: não as quero.
Cego-me diante da dor do existir,  do gritar para se fazer ouvir: vá logo antes que eu me parta, que meu coração se parta, que minha alma se quebre todinha.
Já mudei as as plantas de lugar, já pintei paredes, já troquei  móveis, já troquei números de telefones.  Me deixe assim como a água deixa a fonte; eu não sou fonte. Sou fácil de deixar, escoar, desprender, desaguar.
Eu não compito, eu não entro em batalhas. Você  já venceu. Pegue seu biscoito e vá ser feliz longe de mim. Minhas cores novas suprirão qual ausência.  I have change my colors. É nossas cores não são suplementares. São opostas. Já mudei tudo de lugar
 Tenho plantas novas. Viajo pra.onde onde não encontro. Como onde não te encontro. Morro onde você vivo. É viver, viver já não  importa. O mundo é cruel e solitário. Se acostume. Pedradas. Não importa mudei os moveis de lugar e pintei as paredes. BjimVocê já não está  lá. Ah e o riso dele Não é comigo







09/10/2019

A esmola é um escravismo disfarçado de altruísmo. O beneficiário passa acreditar que todos têm o dever de lhe servir. Caso contrário a ira de deus ( seja qual for) deve cair sobre o não altruísta.
O esmolé nunca se dar por satisfeito; ele quer sempre mais e mais e você se torna mais e mais obrigado a ser.docil e gentil com ele. Porque você almeja um lugarzinho no céu. Você não é altruísta, sinto informar, você está barganhando a sua ida ao seu em troca de umas poucas moedas.
Mas de todo caso esses pedintes, não o que recebem, mas o que dão são outras criaturas também insaciáveis e puramente egoístas. Vão lhe dar atenção quanto precisarem de um mísero favor, que para o benfeitor não significaria nada, para eles seria algo importante. Para mim está decido: só faço, só dou o que não me faz falta o que não me é sacrifício.
E tem sido cada vez mais um sacrifício,  uma imolação olhar para cara dessa gente pedinte, não naqueles que pedem trocados, mas aqueles que lhe pedem algo quando lhe é conveniente, que lhe tratam como um móvel alí disponível para ser usufruído. A partir de agora eu sou não. Não quero, não posso,não vou, não empresto.
O altruísmo é uma farsa. E não servirei de capacho para farsantes.

02/10/2019

Qualquer amor que não seja o meu é o amor mais sincero.
 Qualquer amor que se pretende meu é o mais real circo, é a maior, tangível e abjeta mentira. É um eterno fazer de conta. Qualquer pessoa que não seja eu é a mais sortuda dessa vida. Só pelo fato de não se saber eu. Os outros têm sabores, os outros têm vida . Eu fico aqui ruminando uma maneira de sentir algo ou deixar de sentir algo. Qualquer coisa, qualquer pessoa é vitoriosa . Eu no canto como sempre. Ali, esquizóide, evitando olhares ainda  que alguém de quem eu goste me olhe ,me perceba. Eu não percebo ninguém, eu não olho para ninguém.
 Eu existo assim como a cadeira velha de minha sala. Vivo? Aí já é querer demais. Eu não quero esse  torpor, esse morrer  em vão todo dia, à prestação, parcelado. Sem coragem de enterrar a cabeça no forno e morrer e partir dessa merda horrorosa
Todo dia a gente morre um pouco e mata outro tanto. Todo dia...
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13/09/2019

Sentinela

Caminhando pelas sobras da sombra da lua. Solo, só,  solo infértil.  Queda d'águas , da própria  altura, soturno, imaturo  completamente insano e dolorido. Viver dói.  Trair dói,  ser traído dói.  Não  há remedio. Quero  esquecer,  não  quero  amar, não  quero apego. Sôfrego,  trôpego,  cego, quase vivo, quase morto, quase morro, quase vivo.  Vazio, uma via láctea de vazios sozinhos. Sou eu quem não  me quero. Sou o que não  queria  ser e ainda assim há  quem me inveje. Impossível  invejar essa  dor que bate junto com meu coração.  Ele não  pulsa, apanha, apanha e não  pega nada, não  fica em nada
 Acelerados heartbeats. Eu parado. Calado, engosmado, ocre, acre, taciturno,  miúdo. Indiferente e e louco por ter vista,  de ter vista, de viver. Meu deus, socorro . Essa dor talvez passe com o morrer. Mas nem morrer posso  se nunca vivi.

03/09/2019

Carta

Vou jogar a real.  Veja! A minha  vida a sinto como uma merda.  Me sinto incapaz  de ser amado pelo que sou. Pela minha aparência  e pelo que não  conquistei  na vida. Tenho consciência, portanto, que grande parte do que sinto  é proveniente  de minhas  incapacidades mentais de lidar com a realidade  e de ser adaptativo.  Eu não  tenho problema real.  Mas os procuro em cada esquina, em cada bom dia, não  respondido, em cada olhar não  correspindido. Encontro esse monstro que me persegue pelas frestas das portas , corro dele mas ele semrpe me persegue. Dói  saber que não  sou nada,  talvez haja aí um pouco de inveja  dos outros. Todos que eu invejo  não  são  eu. Eu sei o cerne  de minha  falta de aptidão  pra viver  nesse  mundo. Eu sei que devo  apenas esperar a hora de morte ,por fim. Mas a angústia é pq eu tenho consciência do nada q eu sou e do nada q eu represento  no universo. Ninguém  tá  cagando  pra mim. Ninguém  se importa. Cabe a mim viver como deve ser, sofrendo ou me remediando q é outro  tipo  de sofrer, só  que disfarçado. A verdade, amigo, q toda  essa perseguição  está  na sua cabeça.  Ninguém  se importa  com vc , assim como não  se importam comigo.  Não  tem ninguém  a sua procura. Vc quer encontrar meios de não  viver.  Antes vc vivia pelo bocado,  pelo aluguel atrasado, pela conta  de energia. Hj vc não precisa mais disso.  E tenta encontrar nessa perseguição  alguma forma de se vitimizar e de não lutar pela vida.  Compreendo  vc completamente.  Mas essa é  a verdade. Se lhe  quisessem  morto já o teriam  matado há  mt. Relaxe que quem ta se matando é  vc mesmo aos poucos ao renunciar  avida, o querer o q não  pode ser e tenta achar um culpado. Eu não  tenho  culpados. Só  me falta  a vontade de viver.

01/09/2019

A plantinha sem água.

Sou aquele a que não  tem  a quem pedir que regue suas plantas. Elas estão murchas. Morreram. Talvez haja esperança , lhes dei de beber hoje. Talvez amanhã  recuperem a vida.
Há esperanças para elas. Para mim...
 Eu sou o que em um soslaio recebe  qualquer  atenção para no instante seguinte ser esquecido pelo simples fato de desaperecer das vistas  nesses entreolhares. Vc tem amigos, eu não.  Vc tem a vitalidade  da vida, eu não.  Não se pode viver  de prontidão  com medo que eu de relance veja uma conversa sua, de insinuações sexuais, de nudes intermináveis.  Não lhe quero mal. Longe de mim  lhe fazer mal. Quero-lhe, Antes de tudo, bem. Bem sucedido. Uma pessoa boa e honesta vc há de se tornar.  Quanto a mim devo  cada vez mais buscar o isolamento e me prepar para cear  com  a indejesada das gentes. De ir com ela quando não mais aguentar essa vida, da qual eu só  recebo chibatas, empurrões  e mentiras.  Eu sou um desgraçado que teima em viver ainda que a vida não  me queira.  Eu te amo e por te amar e por meu ciúme  e inveja é que lhe quero longe de mim.  Não  aguento  isso. Dói, e quando começa a doer o adeus é a melhor coisa.  Não precisaremos buscar desculpas, inventar  desencontros, tantas coisas mais. Ninguém   tem nada  a ver com com nada na minha vida. Já  lhe disse sou um pobre  vira-lata abandonado por si mesmo.
Estou alí no canto, vacilando, dando de ombros, encolhido.  Com a voz trêmula,  insegura,  vazia. Com uma voz  gosmenta, acizentada, que fala para dentro  como  que pedindo  licença,  autorização  para viver.  No canto há  cacos de  vidros.   Corto os pés  e sinto alguma  coisa. Algo extremamente genuíno  e verdadeiro: minha dor. Que nunca me abandona, que nunca me trai. Apesar de todos subterfúgios  que uso para lhe fugir, ela está  ali implacável, esse monumento  a minha  ruína ,a esse nada que é  minha vida. Calado soçobro aos poucos me atenho a qualquer coisa  que passe e não morro, vivo quase naufragando, quanse veleijando, quanse vivendo.
As plantas  morreram. Eu não morro. Covardemente  indo um dia atrás do outro engolindo o choro, fingindo suportar. Quando silenciosamente queria que o avião  que me carregasse explodisse. Que eu fosse um acidente  sem nome: indigente morre. Ninguém perguntou.  Foi enterrado em cova raza. E finalmente me junto à lama que me esperava desde o parto aleatório  e desnecessário  naquela madrugada de sábado, de um desses meses que se repetem, de um ano qualquer que finge ineditismo.  Arre. O meu primeiro choro foi  de desespero  e porque o último não  deveria de sê-lo? Enquanto isso me vou aos gritinhos contidos , fingidos e escorregadios  de vida vazia.

03/08/2019

Quem é o cidadão de bem e o que ele quer

O cidadão  de bem é aquele que pensa que  as leis não se aplicam a ele. Ele acha que os suburbanos e os pretos que devem subserviência  a essas leis. Ele crê piamente que é  capitalista pq tem um salário  acima da média, tem uma casa de campo (dentre outras coisas) não  usa os serviços públicos e acha que paga impostos demais para os pobres procriarem e viverem de bolsa familia. Ele se acha rico pq vai aos EUA, pq troca  de carro. É  um iludido, de alma pequena  e conta bancária  idem. É um gerente de banco que pensa que é banqueiro. Mas tem ego! E quer mudar  com tudo isso que está  aí,  desde que, e somente só,  não  mexam nos privilégios  dele. Ele acha, até, que viajar de avião  é privilégio,  que ter 3 refeições por dia é  mt para um pobre.
O cidadão de bem é  a antítese  do bem. Enclausurado  na sua  ontologia caolha, tosca e míope.  O cidadão  de bem é aquele que não  dá seta na  hora de virar a esquina, que não para na faixa de pedestres,  que não  respeita  as leis de trânsito e não  quer  ser multado por isso. Ele é elite(sic) as leis não  se aplicam a ele.
O cidadão  de bem é  aquele que no meio de um  estacionamento de shopping saca uma arma e lhe ameaça  tirar sua    vida e sai incólume.  Porque ele é cidadão  de bem, defensor da moral e dos bons costumes.
E nós  que não  somos  cidadãos de bem ( ainda bem) devemos nos calar pq nunca se sabe  com quem podemos estar mexendo. Vai que  é  um senhor de bem aposentado ai de um alto escalão  aqui da nossa província... a gente se cala e agradece e quiçá  perde desculpa por atravessar o caminho dele ainda que na faixa de pedestres. 
É melhor deixar o cidadão  de bem  hermético  em sua esquizofrenia  e arranjar outros meios  para  não  sermos atropelados.
Parafraseando Chico : -cidadão  de bem, cidadão  de bem!
-Chama ladrão! Chama ladrão.
Ou o chapolin colorado.

Vaidade


A paixão e piedade andam lado a lado, diferentes do óleo e da água, elas se misturam perfazendo um martírio ilusório de necessidade recíproca. É uma dança de vaidades mesquinha que se apraz com o fingimento mútuo, na tentativa burlesca de ser parte do outro.

17/07/2019

Prosa

Não sou muito de prosa, pois sou precoce, sou direto, e por vezes e horas, até grosso. Mas hoje eu seria de prosa. Seria uma prosa devastadora, um cataclismo voraz  que como nas delongas de uma romance iria carcomendo as histórias, como em um fenômeno autofágico.


Não sou de delongas, não sei explicar, já entendo... E se eu entendo qualquer seria capaz de entender tudo. Não considero de extraordinário nada daquilo que eu  possa fazer, não acho pelo menos nos outros... Já em mim... Ah, continuo sem achar nada ainda. Porque de fato não procuro. Minha vida não tem sido procura, vez ou outra ate que acho algo, e que nem gostaria de ter achado, outras que nem gostaria de ter perdido, pois essa massacrante  historia de que o passado, sempre com aquele tom melancólico, foi de certa forma, ainda que em idéia, melhor do que  o dolorido presente, porque a dor do passado não dói, o passado só existe em  na dor que passou, enlutada e já esquecida. Ah, a prosa, corre solta, disfarçada procurando meios, enleios para dizer o que a poesia dia assim do nada, num simples: “eu te amo”. Mas a vida em prosa não se resume a um simples “eu te amo”. Vai envolver um “eu”, “um você” e todos os o outros que são a favor ou contra, ou os ainda se fazem de Suíça. E e ela, a poesia, nem só de “eu te amo” vive persiste num sonho de um lado só, num acordado só: A dor dos outros não dói. E por que o amor teria companhia nessa desventura que antes mesmo de começar já esta fadado ao fracasso? A o amor, a prosa, a poesia, a vida: será que eles tem em comum?


Nem sei, eu ao tenho nada em comum com ninguém em lugar algum, o ente alienígena que vaga assim diferente de todos em todo canto. Viverei a síndrome de avestruz. Assim, assim... vou proseando, assim assim...